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Digitalização e envolvimento dos jovens nos processos eleitorais na região da SADC

26.ª Conferência Geral Anual do Fórum de Comissões Eleitorais dos Países da SADC

Documento Orientativo N.º 35, 2025

Agradecimentos

O Fórum de Comissões Eleitorais dos Países da SADC (ECF-SADC) agradece encarecidamente os contributos de todos os participantes e parceiros envolvidos no seminário realizado em 11 de dezembro de 2024, nas Seicheles, como parte da 26.ª Conferência Geral Anual (CGA). Estendemos o nosso sincero apreço a:

  • o distinto painel de especialistas em eleições regionais e internacionais que partilharam os seus inestimáveis pontos de vista e conhecimentos técnicos;

  • os peritos eleitorais, responsáveis políticos e partes interessadas de toda a região da SADC que participaram ativamente nos debates;

  • os presidentes dos órgãos de gestão eleitoral, diretores-gerais de eleições e pessoal de apoio que contribuíram com os seus conhecimentos e experiências;

  • os nossos parceiros regionais e internacionais pelo apoio e pela colaboração contínuos;

  • o Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (International IDEA) pelo seu apoio através do projeto “Fortalecer as capacidades pan-africanas para a observação e a assistência eleitorais” (SPEC), financiado pela União Europeia; e

  • A Comissão Eleitoral das Seicheles por organizar este importante evento.

São devidos agradecimentos ao Presidente Wavel Ramkalawan das Seicheles, por inaugurar oficialmente a conferência e por realçar o papel crucial dos órgãos de gestão eleitoral na defesa da integridade democrática em toda a região da SADC.

Este documento orientativo é uma prova do esforço coletivo e do compromisso partilhado de promover a digitalização e o envolvimento dos jovens nos processos eleitorais em toda a região da SADC. Os pontos de vista e recomendações aqui apresentados refletem o espírito colaborativo e a experiência de todos os envolvidos nesse significativo evento.

Resumo executivo

Este documento orientativo sintetiza pontos de vista de um distinto painel de especialistas em eleições regionais e internacionais que fizeram apresentações no seminário de 11 de dezembro de 2024 nas Seicheles. O seminário, uma componente fulcral da 26.ª Conferência Geral Anual (CGA) organizada pelo Fórum de Comissões Eleitorais dos Países da SADC (ECF-SADC), centrou-se em dois temas críticos: a digitalização e o envolvimento dos jovens nos processos eleitorais na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

A reunião congregou:

  • peritos eleitorais;

  • responsáveis políticos;

  • partes interessadas de toda a região da SADC;

  • presidentes de órgãos de gestão eleitoral e diretores-gerais de eleições;

  • pessoal de apoio; e

  • parceiros regionais e internacionais.

O seminário foi apoiado pelo Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (International IDEA) através do projeto “Fortalecer as capacidades pan-africanas para a observação e a assistência eleitorais” (SPEC), financiado pela União Europeia.

Panorâmica do documento orientativo

Este documento orientativo abrangente:

  • sintetiza os contributos do painel de especialistas que apresentaram artigos no seminário;

  • faculta recomendações de políticas direcionadas; e

  • oferece pontos de atuação específicos para várias partes interessadas eleitorais.

O foco na digitalização reflete a crescente importância da tecnologia nos processos eleitorais modernos. O documento orientativo explora o modo como as ferramentas e plataformas digitais estão a transformar vários aspetos das eleições: do registo dos eleitores e da divulgação de informações à contagem dos votos e à transmissão dos resultados. O documento aborda as oportunidades e os desafios resultantes da digitalização, incluindo a melhoria da eficiência e da transparência, bem como as preocupações com a cibersegurança e a clivagem digital.

Igualmente crucial é a ênfase no envolvimento dos jovens, reconhecendo a relevância demográfica dos eleitores jovens na região da SADC. O resumo descreve estratégias para aumentar a participação dos jovens nos processos eleitorais, não apenas como eleitores, mas também como candidatos, responsáveis eleitorais e educadores cívicos. Tal foco reconhece a necessidade de aproveitar a energia e as perspetivas dos jovens no sentido de robustecer os processos democráticos e assegurar a sustentabilidade a longo prazo dos sistemas eleitorais.

Questões fulcrais emergentes

Com base nas conclusões obtidas das principais questões temáticas debatidas, este resumo realça a necessidade crítica de lidar com a digitalização e o envolvimento dos jovens nos processos eleitorais da África Austral. As discussões e conclusões do documento orientativo sublinharam vários pontos fulcrais que fundamentaram as principais recomendações de políticas identificadas neste resumo:

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  1. A transformação digital dos processos eleitorais acarreta oportunidades e desafios significativos para os órgãos de gestão eleitoral, obrigando a uma abordagem equilibrada e estratégica na implementação.

  2. O envolvimento dos jovens nos processos eleitorais está a evoluir, com uma transição para formas não tradicionais de participação política que exigem estratégias inovadoras dos órgãos de gestão eleitoral e de outras partes interessadas.

  3. A cibersegurança surgiu como preocupação primordial, necessitando de medidas robustas e cooperação regional para proteger a integridade das eleições.

  4. O impacto de género da inteligência artificial (IA) nas mulheres com atividade política exige atenção urgente e intervenções direcionadas para assegurar uma participação equitativa.

  5. Há uma necessidade premente de programas de educação cívica e literacia digital abrangentes, com vista a capacitar os jovens e aprimorar a sua participação nos processos democráticos.

Recomendações de políticas

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  1. Digitalização nas eleições
    Os órgãos de gestão eleitoral têm de desenvolver estratégias de IA abrangentes para alavancar os benefícios sem deixar de atenuar os riscos. Tal envolve a implementação de medidas robustas de cibersegurança para proteger a integridade eleitoral. Além disso, é necessário fazer face à violência de género facilitada pela IA na política, bem como aumentar a transparência e a responsabilização nos processos eleitorais alimentados por IA.

  2. Envolvimento dos jovens
    A definição de juventude no contexto africano deve ser reconsiderada, centrando atenções na aptidão e na capacidade, e não apenas na idade. Para melhorar a participação dos jovens, devem ser implementados programas de literacia digital e as plataformas para o envolvimento dos eleitores devem ser aperfeiçoadas. São cruciais o contacto de sensibilização direcionado para os jovens marginalizados e métodos criativos para a educação dos eleitores. Além disso, a organização de fóruns anuais e as parcerias com escolas e organizações não governamentais (ONG) para iniciativas de educação cívica contínuas podem ajudar a sustentar o envolvimento dos jovens no processo eleitoral.

  3. Cibersegurança
    Para enfrentar os desafios da cibersegurança, deve ser estabelecida uma rede regional semelhante à Rede Eleitoral de Resiliência Cibernética e Informativa. Tal rede fomentaria a colaboração entre órgãos de gestão eleitoral, empresas tecnológicas e parceiros da sociedade civil. O desenvolvimento de abordagens padronizadas para as ameaças de cibersegurança também é essencial para assegurar uma resposta unificada em toda a região.

  4. Género e IA
    Devem ser implementadas políticas de tolerância zero para o discurso de ódio e o abuso nas plataformas legislativas e dos candidatos. Devem ser adotados códigos de conduta que censurem os abusos baseados no género por parte de funcionários públicos e candidatos eleitorais. As empresas tecnológicas devem ser incentivadas a contratar equipas diversificadas para programação de sistemas de IA que reflitam melhor as visões sociais, assegurando uma abordagem mais inclusiva ao desenvolvimento da IA no contexto eleitoral.

  5. Cooperação Regional
    É crucial a promoção da harmonização gradual da legislação e das melhores práticas eleitorais em toda a região da SADC. Tal inclui a partilha de experiências e melhores práticas na gestão eleitoral, em particular na resposta aos desafios digitais. Ao fomentar a cooperação regional, os países podem aprender entre si e desenvolver sistemas eleitorais mais robustos e mais bem equipados para lidar com as complexidades das eleições modernas.

Uma caraterística que distingue este resumo é o seu foco na praticidade, ao facultar recomendações específicas e exequíveis adaptadas a diferentes entidades do ecossistema eleitoral. Tal abordagem assegura que as ideias possam ser implementadas com eficácia em vários níveis da gestão e da supervisão eleitorais. O resumo vai mais além, delineando pontos de ação concretos para diferentes partes interessadas, incluindo órgãos de gestão eleitoral, governos nacionais, partidos políticos, organizações da sociedade civil, meios de comunicação social e parceiros internacionais e regionais. Ao especificar funções e responsabilidades, o documento orientativo funciona como um roteiro para esforços coordenados no sentido de aprimorar os processos eleitorais, tornando-o um recurso valioso para todos os envolvidos no cenário eleitoral.

Introdução

Com a região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) a navegar numa era de avanço tecnológico sem precedentes e de demografia em evolução, a interseção da digitalização e do envolvimento dos jovens nos processos eleitorais tornou-se uma área de interesse fundamental. Este documento orientativo sintetiza pontos de vista de um distinto painel de especialistas em eleições regionais e internacionais que fizeram apresentações num seminário realizado em 11 de dezembro de 2024, nas Seicheles, uma componente fulcral da 26.ª Conferência Geral Anual (CGA) organizada pelo Fórum de Comissões Eleitorais dos Países da SADC (ECF-SADC). O seminário reuniu peritos eleitorais, responsáveis políticos, partes interessadas de toda a região da SADC, presidentes de órgãos de gestão eleitoral (OGE) e diretores-gerais de eleições, pessoal de apoio e parceiros regionais e internacionais, com apoio do International IDEA através do projeto “Fortalecer as capacidades pan-africanas para a observação e a assistência eleitorais” (SPEC), financiado pela União Europeia (International IDEA, n.d).

Este documento orientativo funciona como um roteiro para melhorar os processos eleitorais na região da SADC, reconhecendo que os jovens não são apenas recetores passivos de políticas, mas agentes ativos de mudança. Conforme apropriadamente mencionado no manual do Programa das Nações Unidas sobre a participação da juventude, destinado aos OGE, os jovens estabelecem as prioridades para o futuro que desejam, com particular destaque para a educação, o emprego e os governos honestos e reativos (Beeckmans e Matzinger, 2017). Os jovens exigem cada vez mais uma participação mais relevante nos processos de tomada de decisões, para terem uma palavra a dizer na definição do seu futuro. Porém, apesar do seu potencial, a participação e a representação dos jovens nos espaços políticos e eleitorais continuam a ser limitadas em toda a região da SADC. Este documento orientativo defende que os OGE têm de desempenhar um papel crucial no aperfeiçoamento da participação política dos jovens, a fim de assegurar que estes sejam adequadamente representados nas instituições, nos processos e na tomada de decisões da área política, em especial nas eleições.

Este documento orientativo explora estratégias, boas práticas e pontos de entrada para os OGE fomentarem a participação dos jovens ao longo do ciclo eleitoral e assegurarem que o potencial dos jovens enquanto fatores de mudança se concretize plenamente. Analisa o potencial transformador da digitalização nas eleições, sem deixar de reconhecer os desafios a ela inerentes, incluindo as ameaças à cibersegurança, a clivagem digital e a disseminação de desinformação. Além disso, trata da questão crucial da igualdade de género na esfera digital, em particular no contexto das tecnologias alimentadas por inteligência artificial (IA).

Em última análise, este documento orientativo visa facultar recomendações exequíveis para que os OGE, governos, organizações da sociedade civil e outras partes interessadas criem processos eleitorais mais inclusivos, transparentes e seguros que capacitem os jovens e robusteçam as bases da democracia na África Austral. Ao abraçar a inovação, fomentar a colaboração e privilegiar as vozes dos jovens, a região da SADC pode aproveitar o poder da digitalização para construir um futuro mais brilhante e democrático para todos.

Áreas de foco principais

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  1. Digitalização nas eleições. Explorar as oportunidades e os desafios do aproveitamento das ferramentas digitais para o registo de eleitores, a disseminação de informações, a contagem de votos e a transmissão de resultados.

  2. Envolvimento dos jovens. Identificar estratégias para aumentar a participação dos jovens enquanto eleitores, candidatos, funcionários eleitorais e educadores cívicos.

  3. Cibersegurança. Enfrentar as crescentes ameaças à integridade eleitoral na era digital e promover a cooperação regional para atenuar os riscos.

  4. Igualdade de género. Examinar o impacto de género da IA nas mulheres com atividade política e patrocinar políticas que promovam a participação equitativa.

Este documento orientativo faculta recomendações de políticas direcionadas e pontos de ação específicos para várias partes interessadas eleitorais. Destina-se a servir como guia prático para fomentar processos eleitorais mais inclusivos, seguros e tecnologicamente avançados na região da SADC, fortalecendo em última instância as bases da democracia na África Austral.

Capítulo 1

Digitalização e envolvimento da juventude nos processos eleitorais na região da SADC

1.1. Tendências emergentes na participação jovem na África Austral

A África Austral tornou -se um viveiro de envolvimento político dos jovens, com países como a África do Sul, o Botsuana, a Namíbia e a Zâmbia a testemunharem uma vaga de participação da juventude nos processos eleitorais. Essa transformação é impulsionada pelo uso inovador da tecnologia e pelo desejo crescente de envolvimento político. Os jovens estão a potencializar as redes sociais para se organizarem em torno de questões políticas cruciais, conforme visto em movimentos como o “Fees Must Fall” da África do Sul (Bosch, 2017) e o “This Flag” do Zimbabwe (Mawarire, 2025).

Mpaiphele Maqutu, ceo iec, lesotho, speaking
Orador: Mpaiphele Maqutu, Diretor Executivo da Comissão Eleitoral Independente (CEI), Lesoto.

Essa vaga de ativismo juvenil está a converter-se em representação política tangível, como se vê na África do Sul. Em toda a região, os jovens candidatos estão não apenas a contestar eleições, mas também a obter vitórias, trazendo perspetivas novas e liderança reativa para o cenário político. Além da política eleitoral, os jovens estão a organizar-se para chamar dirigentes à responsabilidade e defender várias causas sociais. A Coligação de Justiça Social na África Austral, o movimento das sanitas na Cidade do Cabo (Robins, 2014) e os movimentos ativistas na Zâmbia, que exigem representação e prestação de contas, são exemplos notáveis dessa tendência. Além disso, o movimento de justiça climática, liderado predominantemente por jovens, emergiu como uma força significativa na região.

À luz desses desenvolvimentos, as comissões eleitorais têm de adaptar a sua abordagem para um melhor envolvimento com o segmento demográfico da juventude. Devem envolver ativamente os jovens no processo eleitoral, reconhecendo o seu potencial não apenas como eleitores, mas como funcionários eleitorais valiosos. O aproveitamento dos jovens como parceiros é outra estratégia essencial, conforme demonstrado pelo sucesso das campanhas lideradas por jovens nas redes sociais para mobilização de pares em países como o Botsuana e a Zâmbia (União Africana, 2020). Para assegurar uma participação sustentada e relevante da juventude, as comissões eleitorais devem privilegiar o desenvolvimento de estratégias abrangentes de envolvimento dos jovens, criadas e implementadas em conjunto com os próprios.

Essa abordagem multifacetada ao envolvimento cívico, que combina ativismo digital, participação política e organização das bases, demonstra a determinação dos jovens na configuração do futuro da África Austral. Ao evoluírem, essas tendências prometem redefinir o cenário político e social da região, assegurando que os jovens desempenhem um papel crucial nos processos de tomada de decisões. Cabe agora às instituições e aos dirigentes políticos o desafio de se adaptarem e criarem espaços relevantes para o enérgico e politicamente consciente segmento demográfico dos jovens, reconhecendo o seu potencial para moldar significativamente o futuro da democracia na África Austral.

1.2 O futuro da digitalização e dos processos eleitorais: navegar as mudanças rápidas e os desafios emergentes

Numa era de avanço tecnológico sem precedentes e mudanças geopolíticas, o cenário dos processos eleitorais está a passar por uma transformação profunda. Em perspetiva, é crucial que antevejamos as rápidas mudanças causadas pela tecnologia e pela política global e que nos preparemos para elas. Além disso, a interação entre vigilância digital, censura e violência estatal está a redefinir o ambiente eleitoral, dando origem a situações distintas que desafiam a integridade e a justiça dos processos eleitorais. Tais situações variam da “internet aberta”, com ameaças subtis através de monitorização generalizada, ao “acesso restrito”, com censura direcionada, e, no limite, ao “desligamento total”, que envolve a interrupção completa do serviço de internet. Consoante evoluem, esses cenários digitais criam desafios complexos à manutenção da integridade democrática (Watson e Habte, 2024).

Essa transformação digital estende-se ao aparecimento dos mercados de dados comerciais como componentes críticos da infraestrutura política. África, em particular, está na vanguarda da implementação de tecnologias de inspeção profunda de pacotes (DPI, ou deep packet inspection) e sistemas de identificação digital, os quais, ao mesmo tempo que oferecem benefícios potenciais, também apresentam riscos significativos para a privacidade e a integridade eleitoral (Musoni, 2024). A interconectividade dos mercados globais criou um novo paradigma de vulnerabilidade, aumentando o potencial para influências transfronteiriças nos processos eleitorais.

O cenário das redes sociais também está a passar por mudanças significativas, marcadas pelo aumento da fragmentação e por uma transição para plataformas codificadas. A IA está a desempenhar um papel fundamental nessa evolução ao ser implantada para várias finalidades, que vão da melhoria do envolvimento do utilizador a aplicações mais controversas, como a disseminação de propaganda. As principais empresas tecnológicas estão a afastar-se das políticas de dados abertos e dos compromissos para com a democracia, alterando potencialmente a dinâmica das eleições futuras e da participação democrática.

Essas mudanças rápidas no cenário da democracia e dos direitos humanos estão a ocorrer a um ritmo que desafia os mecanismos reguladores e adaptativos tradicionais. Com o mundo a olhar para o futuro, é crucial distinguir entre o sensacionalismo em torno da IA e as respetivas capacidades e implicações reais para os processos eleitorais.

Em resposta a tais desafios, estão a surgir iniciativas como a Rede Eleitoral de Resiliência Cibernética e Informativa (CIREN). Lançada pela Fundação Internacional de Sistemas Eleitorais (IFES), a CIREN congrega partes interessadas fulcrais para combater a crescente sofisticação dos ataques cibernéticos e de desinformação aos processos eleitorais (Musoni, 2024). Funciona como plataforma vital para a colaboração e a partilha de conhecimento, organizando eventos que unem os OGE com gigantes da tecnologia como a Google, a Microsoft e a Amazon.

Consoante o mundo navega pelo futuro da digitalização nos processos eleitorais, é imperativo que nos mantenhamos vigilantes e adaptáveis. A rápida cadência da mudança tecnológica, juntamente com a alteração da dinâmica geopolítica, exige uma abordagem exaustiva e voltada para o futuro a fim de assegurar a integridade, a transparência e a justiça das eleições em todo o mundo. Através de cooperação global contínua, o mundo pode trabalhar para proteger os processos democráticos nesta era cada vez mais digital.

Capítulo 2

Digitalização e eleições na África Austral

2.1 Comunicações estratégicas dos OGE no contexto dos meios digitais

No cenário digital em rápida evolução, os OGE são confrontados com um complexo leque de oportunidades e desafios apresentados pelas tecnologias de IA. Consoante navegam nesse novo terreno, os OGE têm de ponderar cuidadosamente como aproveitar o potencial da IA sem deixarem de proteger a integridade eleitoral no campo dos meios digitais e das comunicações estratégicas.

Na linha da frente dessas considerações está o paradoxo de segurança da IA. Os OGE têm de obter um equilíbrio delicado entre a resposta às vulnerabilidades de cibersegurança originadas pela digitalização e pela IA e o aproveitamento dessas mesmas tecnologias para melhorar a segurança das eleições. A implementação de sistemas de segurança robustos e com vários níveis e a utilização da IA para avaliação e monitorização das ameaças são cruciais nesse esforço (Musoni, 2024).

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Da esquerda para a direita: Antony Banbury, IFES; Sy Mamabolo, CEI da África do Sul; Maureen Sibanda, ONU Mulheres; e Guy Berger, consultor independente e perito em meios de comunicação e política digital.

A personalização através da IA constitui outro desafio crítico. Embora a IA possibilite a educação dos eleitores e as campanhas políticas adaptadas aos públicos-alvo, os OGE têm de privilegiar a diligência dos eleitores e estabelecer diretrizes claras. Tal inclui a implementação de regras que visem a transparência e estabeleçam limites nas capacidades de microdirecionamento para manter a justiça e a transparência ao longo do processo eleitoral. A IA também oferece um potencial significativo para otimizar a eficiência dos OGE. Ao analisar estatísticas, resumir documentos e facilitar traduções, a IA pode simplificar a atividade e melhorar os processos de tomada de decisões. Porém, para atenuar os riscos associados, os OGE devem exigir que os fornecedores demonstrem a realização de auditorias algorítmicas, o uso de dados diversificados e o respeito pelos direitos autorais (Harmon, 2024).

No campo da comunicação, os OGE devem usar de cautela ao lidar com as soluções alimentadas por IA. A limitação das respostas geradas pela IA a respostas fixas no estilo de perguntas frequentes e o direcionamento de consultas complexas para operadores humanos podem assegurar uma disseminação rigorosa das informações, mantendo o toque humano essencial nas interações com eleitores.

Um dos desafios mais prementes será possivelmente a proliferação de desinformação gerada por IA. Para a combater, os OGE devem desenvolver estratégias abrangentes, incluindo códigos de conduta para partidos políticos, utilização de IA para detetar e sinalizar conteúdo falso, monitorização de informações falsas geradas por IA e envolvimento com plataformas de redes sociais para satisfazer compromissos de combate à desinformação.

Para dar uma resposta eficaz a esses desafios relacionados com a IA, os OGE devem adotar uma abordagem estratégica e abrangente. Tal inclui a condução de avaliações meticulosas de riscos de direitos humanos e a definição de prioridades em matéria de estratégias de utilização e resposta de IA. É crucial o estabelecimento de sistemas robustos para monitorização, relato e resposta em relação a problemas relacionados com IA, tal como a manutenção de uma incidência rigorosa de atenções na qualidade e na representatividade dos dados.

Além disso, os OGE devem privilegiar a transparência nas suas atividades relacionadas com IA, formar parcerias estratégicas com empresas tecnológicas e entidades de verificação de factos e aumentar a literacia sobre IA entre os funcionários, candidatos eleitorais, forças policiais e público em geral. Esse tipo de abordagem holística dos OGE pode ajudar proativamente a gerir os desafios relativos à IA, maximizando os seus benefícios potenciais e assegurando que a IA funcione como uma ferramenta poderosa para robustecer os processos democráticos, em vez de os prejudicar (Musoni, 2024).

2.2 Apoiar os OGE africanos no aperfeiçoamento das capacidades de cibersegurança

O cenário da gestão eleitoral está a evoluir rapidamente, com os avanços tecnológicos a darem origem a oportunidades e desafios para os OGE em toda a região da SADC. Embora todos tenham agora OGE em funcionamento, o que reflete uma profissionalização crescente da administração eleitoral, os países membros da SADC enfrentam desafios globais, como a erosão da confiança, as ameaças à cibersegurança, as campanhas de desinformação e o desinteresse da juventude.

A integridade da informação e a cibersegurança tornaram-se desafios críticos para os OGE em todo o mundo. Um incidente recente na Roménia, onde a primeira volta das eleições presidenciais foi anulada devido a uma operação maciça de influência estrangeira que envolveu mais de 25 000 contas de TikTok latentes, sublinha a gravidade dessas questões (Muno, 2024). A natureza dual da tecnologia na gestão eleitoral é evidente, oferecendo numerosos benefícios, mas criando novos riscos (Global Witness, 2024). Com o custo do cibercrime estimado como sendo superior a 8 biliões de USD em 2024, a magnitude das ameaças cibernéticas é significativa (Softext, 2024).

África não é imune a essas ameaças, conforme evidenciado pela Operação Serengeti, que resultou na prisão de mais de 1000 pessoas em 19 países africanos, incluindo várias nações da SADC, devido a atividades cibernéticas criminosas (Africanews, 2024). Os OGE enfrentam um complexo leque de desafios de segurança cibernética, tendo em conta o seu perfil elevado como alvos atrativos, o cenário tecnológico em rápida evolução, as limitações de recursos, a dificuldade na obtenção e na retenção de pessoal qualificado e a natureza persistente dos ataques online que podem erodir a confiança do público.

Para combater esses desafios, a IFES estabeleceu a plataforma CIREN, congregando OGE, empresas tecnológicas e parceiros da sociedade civil para desenvolver formas padronizadas de lidar com as ameaças à cibersegurança. Consoante o mundo se dirige para uma era dominada pela IA e pelas tecnologias avançadas, é essencial uma abordagem proativa e colaborativa entre os sectores a fim de desenvolver estratégias novas para essas ameaças em evolução. Ao promover o envolvimento com várias partes interessadas em relação às ameaças cibernéticas, os OGE podem trabalhar no sentido de cumprir as suas responsabilidades e proporcionar eleições credíveis, incorporando o princípio de que “trabalhar juntos é sucesso”.

2.3 Impacto de género da IA nas mulheres e nas eleições

A interseção de IA, género e eleições apresenta um cenário complexo de oportunidades e desafios, em particular para as mulheres com atividade política. A IA oferece aplicações promissoras nos processos eleitorais que podem beneficiar todos os participantes, incluindo a gestão de dados melhorada, a administração eleitoral aperfeiçoada e a segurança eleitoral robustecida. Tais avanços têm o potencial para nivelar o terreno de jogo para mulheres candidatas que possam ter menos recursos.

Porém, a IA também cria riscos significativos que afetam desproporcionalmente as mulheres com atividade política. A esfera digital amplifica a violência de género existente, havendo estudos que demonstram a existência de uma correlação direta entre o aumento do acesso das mulheres à internet e a subida da violência online contra elas. A escala dos abusos contra as mulheres propiciados pela IA é alarmante, com a grande maioria das falsificações profundas a serem de conteúdo sexual não consensual direcionado contra as mulheres.

A violência online contra as mulheres na política e nos sistemas de IA, que refletem e perpetuam a discriminação da vida real, são grandes preocupações. A falta de diversidade no desenvolvimento da IA ​​conduz a preconceitos inerentes, ameaçando ainda mais a integridade do discurso político por meio de falsificações profundas e informações incorretas. Para atenuar esses riscos, é necessária uma abordagem multifacetada.

É crucial a implementação de políticas de tolerância zero para o discurso de ódio e o abuso nas plataformas legislativas e dos candidatos. A legislação sobre transparência das redes sociais deve incluir requisitos de relato específicos sobre a violência online contra mulheres com atividade política. A adoção de códigos de conduta que censurem os abusos baseados no género por parte de funcionários públicos, candidatos eleitorais e respetivo pessoal podem ajudar a criar um ambiente político mais seguro. A criminalização da violência online contra as mulheres e da desinformação de género que origina danos graves é outra etapa essencial (National Democratic Institute, 2022).

O envolvimento das empresas tecnológicas é vital para enfrentar esses desafios. Ao pressioná‑las no sentido de recolher e partilhar dados sobre os abusos de género, será possível obter informações valiosas para a formulação de políticas. O desenvolvimento de um léxico global partilhado sobre as questões de género que considere os contextos locais pode ajudar a criar sistemas de IA mais inclusivos. O incentivo às empresas tecnológicas com vista a que contratem equipas diversificadas para programar os sistemas de IA conduzirá a soluções que refletem melhor as visões sociais (Fundo das Nações Unidas para a População, n.d.).

Através dessas proteções robustas, a promoção da diversidade no desenvolvimento da IA e a criação de um ambiente digital mais inclusivo, o mundo pode trabalhar para assegurar que a IA sirva como ferramenta de empoderamento, e não de opressão, na participação política das mulheres. Somente através de tais esforços abrangentes poderemos aproveitar o potencial da IA para criar um processo democrático mais equitativo e representativo para todos. Essa abordagem não só dá resposta aos desafios imediatos, como também abre o caminho para um futuro em que a tecnologia aprofunde, em vez de dificultar, a participação das mulheres na política (iKNOW Politics, n.d.).

Capítulo 3

Participação dos jovens nos processos eleitorais e implicações para eleições futuras

3.1 Ensinamentos de 2024 como grande ano eleitoral em termos de afluência às urnas e participação dos jovens na África Austral

O desafio da participação política da juventude na África Austral emergiu como uma questão crucial, com tendências recentes a indicarem uma desconexão preocupante entre o interesse dos jovens no processo eleitoral e a sua participação real. Apesar do elevado número de registo de eleitores entre os jovens, muitos países da África Austral estão a sentir um declínio na participação da juventude nas eleições. Esse paradoxo sugere uma questão subjacente mais profunda que requer a atenção urgente dos responsáveis políticos e partes interessadas da região.

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Oradora: Vera Banda, Comissão Eleitoral do Malawi. Sentados à frente, da esquerda para a direita: Comissário Richard Chapweteka e David Banda, Comissão Eleitoral do Malawi.

Um dos principais fatores que contribuem para essa tendência é a transição para formas não tradicionais de envolvimento político no seio da juventude. Os jovens estão cada vez mais a gravitar para movimentos sociais, ativismo e estruturas políticas não convencionais como seus meios preferidos de participação (Timreck e Emmons, 2024). Essa mudança reflete uma crescente insatisfação com o sistema político estabelecido e um desejo de formas mais diretas e imediatas de envolvimento político. Em resultado, os mecanismos de votação tradicionais estão a tornar-se menos atrativos junto do segmento demográfico mais jovem.

Para enfrentar esse desafio, há uma necessidade premente de robustecer a educação cívica e promover uma maior consciencialização política entre os jovens. É crucial o empoderamento dos jovens com um entendimento abrangente do seu papel enquanto cidadãos e da importância da sua participação no processo democrático. Tal educação deve centrar-se não apenas na mecânica da votação, mas também nas implicações mais gerais do envolvimento político e no respetivo impacto na vida e nas comunidades dos jovens.

Porém, os esforços para aumentar a participação dos jovens são dificultados por uma carência significativa de dados desagregados sobre o seu envolvimento político. Essa lacuna de dados dificulta a conceção de intervenções direcionadas e eficazes (Youth Democracy Cohort, n.d.). Há uma necessidade clara de investigação mais aprofundada para entender melhor os fatores que influenciam o envolvimento dos jovens, ou a sua inexistência, nos processos eleitorais. Tal investigação facultaria informações valiosas sobre as motivações e preferências dos eleitores jovens, bem como sobre as barreiras à sua participação, possibilitando que os responsáveis políticos elaborassem estratégias mais reativas e eficazes.

A resposta ao desafio do desinteresse da juventude na África Austral exige uma abordagem multifacetada que envolva várias partes interessadas: OGE, partidos políticos, organizações da sociedade civil e instituições do Estado. Esses atores têm de colaborar para criar um ambiente que incentive e facilite a participação dos jovens (Booysen, 2015). Tal pode envolver reformas nas estruturas de governação para dar resposta às preocupações socioeconómicas subjacentes da juventude, bem como inovações no processo eleitoral a fim de o tornar mais acessível e atrativo para os eleitores mais jovens.

3.2 Digitalização e envolvimento dos jovens nos processos eleitorais

Desafios e oportunidades

A digitalização dos processos eleitorais em África cria um cenário complexo para o envolvimento dos jovens, oferecendo oportunidades e desafios. Embora facultem um ambiente natural para os jovens participarem, as plataformas digitais também correm o risco de agravar as desigualdades existentes, sobretudo para os jovens rurais e de rendimento baixo.

A definição atual de juventude em África, que vai habitualmente dos 18 aos 35 anos, necessita de ser reconsiderada. Essa ampla categorização pode limitar as oportunidades para as pessoas ainda consideradas “jovens” aos 35 anos, independentemente da sua maturidade ou da sua situação socioeconómica. Uma abordagem orgânica à participação dos jovens nos processos eleitorais, centrada na aptidão e na capacidade e não apenas na idade, poderia expandir o espaço político para os jovens possibilitando a participação em atividades políticas a partir dos 18 anos.

As plataformas digitais e redes sociais estão a transformar o envolvimento político entre os jovens, proporcionando-lhes um espaço familiar para fazerem ouvir a sua voz acerca dos processos democráticos e eleitorais. As redes sociais permitem que os jovens se organizem em torno dos temas que lhes interessam. Porém, se não for gerido adequadamente, o envolvimento digital pode alienar os jovens rurais e os que provêm de grupos de rendimento baixo.

O envolvimento aperfeiçoado dos jovens nos processos democráticos pode conduzir a responsabilização política acrescida, maior inovação na governação, redução da apatia dos eleitores e preparação mais precoce dos cidadãos para funções de liderança. No entanto, vários fatores dificultam o envolvimento significativo dos jovens nos processos eleitorais, incluindo a clivagem digital, as barreiras legais, as limitações financeiras, a ameaça de violência eleitoral e o risco de políticos explorarem os jovens para espalhar desinformação online.

Para enfrentar tais desafios e promover a participação inclusiva dos jovens, são recomendadas várias estratégias. Estas incluem a redução para 18 anos da idade mínima para todos os mandatos eletivos, a adotação de uma abordagem baseada nas competências, a expansão do acesso digital para incluir os jovens rurais e as mulheres jovens, a melhoria da educação sobre política e democracia, a implementação de programas de mentoria, o estabelecimento de assembleias de jovens em vários níveis e a exploração do registo de eleitores online (Fundo das Nações Unidas para a População, 2018).

As nações da África Austral podem aproveitar o potencial da digitalização para melhorar o envolvimento dos jovens nos processos eleitorais sem deixar de dar resposta aos desafios da desigualdade e da exclusão. Tal abordagem contribuirá para o desenvolvimento de sistemas democráticos mais robustos e inclusivos em todo o continente, assegurando que as vozes dos jovens sejam ouvidas e o seu potencial de liderança se concretize plenamente.

Capítulo 4

Estudo de caso: iniciativas em curso para promover a participação eleitoral da juventude na região da SADC

4.1 Responsabilidades dos jovens nos processos eleitorais – um estudo de caso das Seicheles

O Conselho Nacional da Juventude das Seicheles (SNYC) desempenha um papel crucial no empoderamento dos jovens para que participem ativamente na sociedade. À data de agosto de 2024, as Seicheles contam com 20 198 eleitores elegíveis com idades entre os 18 e os 35 anos para as eleições de 2025, mas apenas 1555 constam do registo certificado, o que realça uma lacuna de registo significativa (Pillay, 2020). Para dar resposta a esse desafio, o SNYC implementou vários programas, como o Youth Tech, o Youth Troup Upgrade 101 e o Young Entrepreneur. A Assembleia Nacional da Juventude das Seicheles (SNYA) funciona como fórum educativo para nutrir o potencial de liderança e aumentar a consciencialização cívica entre os jovens.

photo of four people
Da esquerda para a direita: Jeanetta Ally – Assembleia Nacional da Juventude das Seicheles, Fabio Bargiachi – ECES, Abdul Rahman – Comissão Eleitoral da Maurícia, Brown Kasaro – Comissão Eleitoral da Zâmbia.

Foi organizado um fórum de envolvimento eleitoral para assegurar uma participação relevante dos jovens nos diálogos eleitorais. O fórum, que incluiu representantes da SNYA, alunos do ensino secundário e jovens profissionais, revelou pontos de vista e desafios importantes. Os jovens expressaram o desejo de mais educação cívica sobre os direitos eleitorais e realçaram o potencial da tecnologia para melhorar o envolvimento e o registo dos eleitores (Nicette, 2024).

Com base nessas conclusões, foram propostas várias recomendações:

    .
  1. Iniciativas digitais. Implementar programas de literacia digital e melhorar as plataformas de registo de eleitores.

  2. Contacto de proximidade e educação. Efetuar contacto de proximidade direcionado para os jovens marginalizados e aplicar métodos criativos para a educação dos eleitores.

  3. Envolvimento sustentado. Organizar fóruns anuais e estabelecer parcerias com escolas e ONG para iniciativas de educação cívica contínuas.

Para implementar estas recomendações com eficácia, foi proposto que as recomendações sobre jovens fossem integradas nas estratégias da Comissão Eleitoral, com monitorização e avaliação contínuas do seu impacto. A manutenção de parcerias com escolas, ONG e comunicação social foi vista como crucial para o sucesso a longo prazo no fomento de um processo eleitoral mais inclusivo e participativo que capacite os cidadãos jovens das Seicheles.

Ensinamentos obtidos

O estudo de caso faculta vários ensinamentos importantes obtidos sobre o envolvimento dos jovens no processo eleitoral nas Seicheles:

    .
  1. Lacuna de registo. Há uma disparidade significativa entre os jovens eleitores elegíveis (20 198) e os que estão realmente registados (1555) para as eleições de 2025, o que indica a necessidade de melhorar os esforços de registo de eleitores.

  2. Programas de empoderamento dos jovens. O SNYC implementou vários programas para envolvimento e empoderamento dos jovens, como o Youth Tech, o Youth Troup Upgrade 101 e o Young Entrepreneur.

  3. Assembleia da juventude. A SNYA funciona como fórum educativo para desenvolver competências de liderança e consciência cívica entre os jovens.

  4. Fórum de envolvimento eleitoral. A organização de fóruns com uma representação diversificada de jovens ajuda a conhecer os seus pontos de vista e os desafios por eles enfrentados no processo eleitoral.

  5. Desejo de educação cívica. Os jovens expressaram a necessidade de mais educação sobre os seus direitos eleitorais.

  6. Potencial tecnológico. É reconhecido o papel da tecnologia na melhoria do envolvimento dos jovens e na simplificação do registo de eleitores.

Capítulo 5

Recomendações de políticas

As discussões anteriores deram origem a um conjunto abrangente de recomendações de políticas, categorizadas em oito áreas temáticas principais. Tais recomendações visam dar resposta aos multifacetados desafios e oportunidades da era digital e da participação dos jovens, em particular no contexto da gestão eleitoral e dos processos democráticos.

    .
  1. Estratégias digitais e cibersegurança

  2. Envolvimento e educação dos jovens

  3. IA e tecnologias emergentes

  4. Colaboração e partilha de conhecimento

  5. Integridade da informação e envolvimento da comunicação social

  6. Reforço de capacidades e desenvolvimento profissional

  7. Quadros legais e reguladores

  8. Investigação e análise de dados

Estas recomendações de políticas, quando implementadas, têm o potencial para melhorar significativamente a integridade, a eficiência e a inclusão nos processos eleitorais da era digital. Os quadros 5.1 a 5.8 facultam uma discriminação pormenorizada de intervenções políticas exequíveis ​​para cada área temática, oferecendo um roteiro para que os responsáveis políticos e partes interessadas naveguem no cenário complexo da gestão eleitoral moderna.

Quadro 5.1. Questão temática: estratégias digitais e cibersegurança

Recomendações de políticasProcedimentosQuem
Desenvolver estratégias digitais abrangentes para os OGE

 

  • Desenvolver conhecimento digital interno e equipas dedicadas para monitorizar as tendências emergentes

  • Estabelecer diretrizes para o uso responsável da IA e das ferramentas digitais nos processos eleitorais

OGE;

ECF-SADC

Aperfeiçoar as medidas de cibersegurança investindo em infraestruturas robustas, realizando auditorias de segurança e desenvolvendo planos de resposta a incidentes

 

  • Investir em infraestruturas robustas e efetuar auditorias de segurança periódicas

  • Desenvolver planos de resposta a incidentes e atualizar os protocolos para fazer face às vulnerabilidades relacionadas com a IA

  • Criar parcerias com empresas tecnológicas para atenuar as ameaças cibernéticas

  • Trabalhar com empresas tecnológicas a fim de desenvolver e implementar algoritmos de IA politicamente neutros para conteúdo relacionado com eleições

  • Patrocinar uma maior transparência das plataformas de redes sociais a respeito das suas políticas e práticas relacionadas com eleições

OGE;

ECF-SADC;

parceiros regionais e internacionais

Conceber processos eleitorais digitais que sejam acessíveis a todos

 

  • Conceber processos acessíveis a todos os eleitores, incluindo as pessoas com deficiência

  • Dar resposta à clivagem digital para assegurar uma participação igual

  • Implementar medidas para proteger os grupos marginalizados contra o assédio online

OGE;

governos nacionais

Quadro 5.2. Questão temática: envolvimento e educação dos jovens

Recomendações de políticasProcedimentosQuem
Desenvolver programas de educação cívica abrangentes direcionados para os jovens a fim de fomentar a consciencialização e o envolvimento políticos 

 

  • Criar plataformas digitais orientadas para os jovens para registo de eleitores e disseminação de informações

  • Desenvolver iniciativas centradas na participação eleitoral e nos processos democráticos

  • Implementar programas de literacia digital para combater as informações incorretas e o discurso de ódio

  • Integrar a educação cívica nos currículos escolares

  • Potenciar abordagens criativas como vídeos e apoios de celebridades

OGE;

ECF-SADC;

governos nacionais e parceiros

Implementar iniciativas de literacia digital para combater as informações incorretas e o discurso de ódio 

 

  • Implementar programas abrangentes de literacia digital para os eleitores

  • Desenvolver campanhas direcionadas para consciencialização acerca da manipulação e da desinformação online

  • Facultar ferramentas e recursos aos jovens para verificação de informações e identificação de fontes credíveis

OGE
Desenvolver plataformas digitais orientadas para os jovens para registo de eleitores e informação

 

  • Utilizar plataformas de redes sociais para contacto de proximidade com os eleitores e campanhas educativas direcionadas para os eleitores jovens

  • Desenvolver plataformas digitais de utilização fácil para registo de eleitores e disseminação de informações

OGE
Dar resposta às preocupações socioeconómicas que afetam os jovens, como o desemprego, através de políticas e programas direcionados

 

  • Desenvolver políticas e programas destinados a reduzir o desemprego jovem e melhorar as oportunidades económicas

  • Assegurar que as plataformas e campanhas políticas tratem das questões fundamentais que afetam os jovens

Governos nacionais;

partidos políticos

Apoiar formas alternativas de envolvimento político dos jovens para incentivar a participação nos processos eleitorais

 

  • Reconhecer e interagir com os movimentos sociais e o ativismo dirigidos por jovens

  • Criar canais formais para os jovens participarem nos processos de tomada de decisões além da votação

Governos nacionais
Melhorar a colaboração com organizações da sociedade civil (OSC) para incentivar a participação dos jovens nos processos eleitorais

 

  • Estabelecer parcerias com ONG e grupos da sociedade civil focados nos jovens para implementar iniciativas de educação e mobilização de eleitores

  • Apoiar organizações de base que trabalham no empoderamento político da juventude

OGE;

OSC;

ECF-SADC

Reconhecer e amplificar os contributos dos jovens, criando um ambiente dinâmico onde as ideias, iniciativas e realizações dos jovens sejam ativamente valorizadas e integradas na democracia e nos processos eleitorais

 

  • Reconhecer o papel vital da juventude no robustecimento da democracia

  • Apoiar iniciativas que fomentem o envolvimento dos jovens nos processos eleitorais

  • Criar mecanismos para a participação dos jovens nos processos de tomada de decisões além da votação

Governos nacionais;

OGE

Aumentar a credibilidade das instituições eleitorais

 

  • Implementar medidas de transparência para desenvolver a confiança nos processos e instituições eleitorais

  • Dar resposta às preocupações sobre a corrupção e as promessas por cumprir a fim de combater a desilusão dos jovens

Governos nacionais

Quadro 5.3. Questão temática: IA e tecnologias emergentes

Recomendações de políticasProcedimentosQuem
Melhorar o entendimento dos tipos e aplicações da IA

 

  • Desenvolver iniciativas centradas na participação eleitoral e nos processos democráticos

  • Implementar programas de literacia digital para combater as informações incorretas e o discurso de ódio

  • Integrar a educação cívica nos currículos escolares

  • Potenciar abordagens criativas como vídeos e apoios de celebridades

OGE;

OSC;

ECF-SADC

Atenuar os riscos e potenciar as oportunidades que a IA oferece

 

  • Estabelecer quadros de regulação para lidar com as utilizações indevidas da IA, como a desinformação e a manipulação de eleitores, sem deixar de aproveitar a IA para fins de segurança e eficiência eleitorais

  • Investir em ferramentas de IA que melhorem a segurança eleitoral, o contacto seletivo com os eleitores e a eficiência administrativa, sem deixar de assegurar a transparência e a responsabilidade

  • Atenuar os riscos e potenciar as oportunidades da IA

ECF-SADC;

OGE;

governos nacionais

Desenvolver diretrizes éticas para a utilização de IA nas eleições a fim de assegurar justiça, transparência e neutralidade

 

  • Desenvolver e aplicar diretrizes éticas para a implantação de IA nos processos eleitorais a fim de assegurar justiça, transparência e neutralidade política

ECF-SADC;

OGE;

empresas tecnológicas;

governos nacionais

Defender a sinalização do conteúdo gerado por IA nas campanhas eleitorais para impedir informações incorretas

 

  • Exigir que as empresas tecnológicas divulguem os algoritmos aplicados ​​na moderação de conteúdo relacionado com eleições e no envolvimento dos eleitores

  • Monitorizar a implementação de tecnologias de IA para assegurar a conformidade com os padrões éticos e os princípios democráticos

Empresas tecnológicas;

OGE;

governos nacionais

Quadro 5.4. Questão temática: Colaboração e partilha de conhecimento

Recomendações de políticasProcedimentosQuem
Implementar abordagens por várias partes interessadas para fomentar a colaboração

 

  • Incentivar parcerias entre OGE, empresas tecnológicas, OSC e instituições académicas para enfrentar coletivamente os desafios relacionados com a IA

  • Estabelecer fóruns para diálogo e partilha de melhores práticas sobre a utilização ética da IA em contextos eleitorais

ECF-SADC;

OGE;

empresas tecnológicas

Promover a cooperação internacional e a partilha de melhores práticas

 

  • Participar na partilha transfronteiriça de melhores práticas e ensinamentos obtidos

  • Participar em fóruns internacionais destinados a enfrentar os desafios digitais nas eleições

  • Apoiar o desenvolvimento de padrões globais para a utilização de tecnologias digitais nos processos eleitorais

ECF-SADC;

OGE;

parceiros

Facilitar o diálogo contínuo entre as partes interessadas para enfrentar coletivamente os desafios digitais

 

  • Criar fóruns para o diálogo regular entre OGE, OSC e empresas tecnológicas

  • Desenvolver iniciativas conjuntas para fazer face aos desafios digitais nas eleições

  • Incentivar a partilha de conhecimento e melhores práticas entre diferentes grupos de partes interessadas

ECF-SADC;

OGE;

OSC; empresas tecnológicas; parceiros

Promover a representação dos jovens, incentivando os partidos políticos a que incluam candidatos jovens e abordem questões específicas dos jovens nas suas plataformas 

 

  • Incentivar os partidos políticos a que incluam mais candidatos jovens e abordem questões específicas dos jovens nas suas plataformas

  • Criar conselhos consultivos da juventude ou estruturas semelhantes para envolver os jovens nos processos de formulação de políticas

Partidos políticos;

governos nacionais

Robustecer a colaboração regional

 

  • Apoiar a Rede Eleitoral do Oceano Índico para promover a integridade e a justiça eleitorais

  • Incentivar a partilha de melhores práticas entre OGE na região

ECF-SADC

Quadro 5.5. Questão temática: integridade da informação e envolvimento da comunicação social

Recomendações de políticasProcedimentosQuem
Combater as informações incorretas e a desinformação por meio de campanhas direcionadas e parcerias com organizações da comunicação social a fim de promover informações eleitorais exatas

 

  • Implementar campanhas direcionadas para combater informações incorretas relacionadas com eleições

  • Estabelecer parcerias com organizações da comunicação social para promover informações eleitorais exatas

  • Patrocinar uma maior transparência das plataformas de redes sociais a respeito das políticas e práticas relacionadas com eleições

OGE;

ECF-SADC;

comunicação social;

plataformas de redes sociais

Dar resposta aos impactos de género da violência facilitada pela IA

 

  • Desenvolver políticas para combater a violência de género facilitada pela IA, incluindo a desinformação e o assédio direcionado para as mulheres com atividade política

  • Implementar quadros normativos que promovam a igualdade de género e protejam as mulheres candidatas contra os abusos online durante as eleições

ECF-SADC;

governos nacionais; partidos políticos; parceiros

Quadro 5.6. Questão temática: reforço de capacidades e desenvolvimento profissional

Recomendações de políticasProcedimentosQuem
Investir em iniciativas de reforço de capacidades para que os OGE naveguem pelos avanços tecnológicos com eficácia

 

  • Investir em iniciativas de reforço de capacidades para que os OGE se mantenham na linha da frente dos avanços tecnológicos e naveguem pelas complexidades da IA com eficácia

  • Ministrar formação sobre como reconhecer e combater as ameaças originadas por IA, como as falsificações profundas e as distorções algorítmicas

  • Criar conhecimento sobre tecnologias emergentes nos OGE ministrando formação sobre como reconhecer e combater as ameaças originadas por IA, como as falsificações profundas e as distorções algorítmicas

  • Promover programas educativos como o “Mestrado sobre política e administração eleitorais”, disponível online, para administradores eleitorais

ECF-SADC;

OGE;

parceiros

Quadro 5.7. Questão temática: quadros legais e reguladores

Recomendações de políticasProcedimentosQuem
Robustecer os quadros legais e reguladores que regem a utilização de tecnologias digitais e IA nas eleições da região

 

  • Atualizar as leis eleitorais para fazer face aos desafios causados pelas tecnologias digitais

  • Desenvolver regulamentação clara sobre a utilização de IA e outras tecnologias emergentes nas eleições

  • Estabelecer mecanismos para combater a manipulação digital e a desinformação durante os períodos eleitorais

Governos nacionais; OGE;

ECF-SADC

Elaborar diretrizes éticas para a utilização de IA nas eleições da região

 

  • Desenvolver e aplicar diretrizes éticas para a implantação de IA nos processos eleitorais a fim de assegurar justiça, transparência e neutralidade política

  • Defender a sinalização do conteúdo gerado por IA nas campanhas eleitorais para impedir informações incorretas

ECF-SADC;

governos nacionais

Quadro 5.8. Questão temática: investigação e análise de dados

Recomendações de políticasProcedimentosQuem
Melhorar a recolha e a análise de dados para fundamentar intervenções de apoio à participação dos jovens nas eleições e à digitalização

 

  • Implementar sistemas robustos de recolha de dados segregados por idade para registo e participação dos eleitores

  • Efetuar inquéritos e estudos regulares para entender as atitudes políticas dos jovens e as barreiras à sua participação

  • Promover investigação sobre as implicações dos diferentes modelos de IA nos processos eleitorais a fim de orientar uma utilização ética

  • Monitorizar e avaliar o impacto das iniciativas implementadas

OGE;

ECF-SADC;

empresas tecnológicas;

parceiros

Promover a colaboração e a investigação contínuas

 

  • Facilitar o diálogo e a partilha de conhecimento contínuos entre OGE

  • Efetuar estudos adicionais para melhorar os processos eleitorais na região

  • Providenciar apoio sustentado às eleições futuras

ECF-SADC;
Capítulo 6

Conclusões

A digitalização dos processos eleitorais acarreta oportunidades sem precedentes e desafios significativos para a região da SADC. Para capitalizar os benefícios e atenuar eficazmente os riscos da digitalização, os OGE têm de adotar uma abordagem proativa, colaborativa e adaptativa que ponha o envolvimento dos jovens na linha da frente.

photo of several youth sitting on table listening
Membros do Conselho Nacional da Juventude das Seicheles.

Tal requer um esforço concertado em várias frentes, conforme descrito abaixo:

    .
  1. Desenvolver estratégias de IA abrangentes
    Os OGE devem privilegiar o desenvolvimento e a implementação de estratégias de IA abrangentes que alavanquem os benefícios da IA, como a melhoria da eficiência, da exatidão e da acessibilidade, sem deixarem de atenuar os riscos potenciais, incluindo a distorção, a manipulação e a falta de transparência. Tais estratégias devem incluir diretrizes éticas claras, procedimentos robustos de testagem e validação e mecanismos para supervisão independente.

  2. Implementar medidas de cibersegurança robustas e fomentar a cooperação regional
    A crescente dependência das tecnologias digitais nas eleições exige uma maior incidência de atenções na cibersegurança. Os OGE têm de investir em medidas de segurança robustas para proteger as infraestruturas, os dados e os processos eleitorais contra ciberataques. Tal inclui a implementação de sistemas avançados de deteção e prevenção de ameaças, a realização de auditorias de segurança e testes de penetração periódicos e a formação do pessoal sobre melhores práticas de cibersegurança. Além disso, o fomento da cooperação regional por meio de partilha de informações, exercícios de formação conjunta e desenvolvimento de padrões de segurança comuns é essencial para fazer face ao cenário evolutivo da cibersegurança.

  3. Conceber iniciativas de envolvimento dos jovens consonantes com as tendências do ativismo modernas
    Para envolver eficazmente os jovens nos processos eleitorais, os OGE têm de conceber iniciativas consonantes com os seus valores, interesses e modos de comunicação. Tal inclui o aproveitamento das plataformas de redes sociais, tecnologias móveis e técnicas de ludificação para aumentar a consciencialização, o registo e a participação dos eleitores. Também envolve a criação de oportunidades para os jovens participarem na observação eleitoral, na educação cívica e nas campanhas políticas. Além disso, os OGE devem procurar ativamente o contributo de organizações de juventude e líderes de jovens para assegurar que as iniciativas de envolvimento sejam relevantes, inclusivas e impactantes.

  4. Enfrentar a violência de género facilitada pela IA na política
    A ascensão da IA ​​criou novas vias para a violência de género na política, incluindo o assédio online, as campanhas de desinformação e a manipulação de imagens e vídeos. Os OGE têm de colaborar com forças policiais, plataformas de redes sociais e organizações da sociedade civil para fazer face a essas questões e proteger as mulheres candidatas, eleitoras e funcionárias eleitorais contra abusos facilitados pela IA. Tal inclui o desenvolvimento de políticas e procedimentos para denúncia e investigação de incidentes de violência online, a prestação de apoio às vítimas e a consciencialização acerca dos perigos da violência de género facilitada pela IA.

  5. Aumentar a transparência e a responsabilidade nos processos eleitorais orientados por IA
    Para manter a confiança e a fé do público nas eleições, os OGE têm de assegurar transparência e responsabilidade na utilização de tecnologias de IA. Tal inclui a prestação de explicações claras acerca de como são utilizados os sistemas de IA, disponibilizando publicamente o código-fonte e os algoritmos com vista à análise e ao estabelecimento de mecanismos para auditorias e avaliações independentes. Inclui também a interação com as partes interessadas para fazer face às preocupações e solicitar retroinformação sobre o uso da IA ​​nas eleições.

  6. Fomentar parcerias com várias partes interessadas para enfrentar desafios complexos
    Os desafios e oportunidades inerentes à digitalização e ao envolvimento dos jovens são complexos e multifacetados, exigindo uma abordagem colaborativa que envolve um amplo leque de partes interessadas. Os OGE têm de fomentar ativamente parcerias com governos, organizações da sociedade civil, instituições académicas, empresas de tecnologia e organizações internacionais a fim de partilhar conhecimento, reunir recursos e coordenar esforços. Tal inclui o estabelecimento de plataformas para diálogo e colaboração, a condução de projetos conjuntos de investigação e desenvolvimento e a elaboração de estratégias e planos de ação comuns.

Adotando estas recomendações, a região da SADC pode trabalhar com vista a processos eleitorais mais inclusivos, seguros e tecnologicamente avançados. Tal abordagem não só envolverá todos os cidadãos, em especial os jovens, como também fortalecerá as bases da democracia na África Austral, fomentando um futuro onde todas as vozes são ouvidas e todos os votos contam.

Abreviaturas

IAInteligência artificial
CIRENRede Eleitoral de Resiliência Cibernética e Informativa (Cyber and Information Resilience Elections Network)
ECF-SADCFórum de Comissões Eleitorais dos Países da SADC
OGEÓrgão de gestão eleitoral
ONGOrganização não governamental
SADCComunidade de Desenvolvimento da África Austral (Southern African Development Community)
SNYAAssembleia Nacional da Juventude das Seicheles (Seychelles National Youth Assembly)
SNYCConselho Nacional da Juventude das Seicheles (Seychelles National Youth Council)
OSCOrganização da sociedade civil

Referências

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